Diário de Motocicleta – 1º Dia (20/12/16)

Destino: “…andar por esse país, pra vê se um dia descanso feliz.”
Direção: deserto do Atacama/Chile
Sentido: ainda buscando…
Status: em Ourinhos/SP

Viajar 800km (do Rio de Janeiro até Ourinhos) em cima de uma moto é o tipo de coisa que só se faz uma vez na vida. Saí de casa 6:30h e cheguei 16:30h, só parando nos postos de combustível para abastecer e esticar as pernas. Estou moído! Mas a dor faz parte da “viagem”, o sofrimento não. Embarco nessa viagem com o simples prazer de viajar!!! Levo minha “bagagem” que, para alguns, podem achar que é muita (ou pouca), mas é o que me trouxe até aqui. Sou muito grato a essa minha bagagem, bem como a todos/as que me ajudaram a conquistá-la. Não tenho tudo o que quero, mas amo tudo o que tenho, como disse uma professora timorense. Também não viajo só. Ninguém viaja sozinho, por mais solitário que seja atravessar o “deserto”… Levo comigo todos aqueles que me transformaram no viajante que sou. Amanhã sigo para Foz do Iguaçu, sem pressa.

Publicado em Viagens | Com a tag , | 3 Comentários

Discurso proferido dia 15 de setembro de 2015, em Ato público na Fiocruz, sete dias após mais um menino ser assassinado em Manguinhos

Foto ato

Fui provocado a refletir sobre o meu papel, enquanto sujeito cultural e histórico, sendo um trabalhador de 45 anos morando em Manguinhos e que exerce a função de professor de ciências de uma escola pública (CIEP JK) aqui ao lado da Fiocruz. Confesso que, individualmente, me reconheço insignificante, frente a todas as violências que sofro. Sou violentado todos os dias, pela escola não ter uma mesa adequada para trabalhar, ter quadros negros danificados, não ter internet, não ter completo o seu quadro de profissionais, etc. Sofro com as guerras de comida no refeitório, uns alunos jogando comida em outros. Sofro com os constantes conflitos e gritarias nos corredores e dentro das salas de aula. Sofro com as dificuldades de aprendizagem dos meus alunos. Sofro com a fuga de alunos pulando o muro da escola, e ainda há quem diga que a solução é aumentar o muro. Sofro com a indiferença de alguns colegas. Sofro ao perceber o quanto a minha escola pode e se esforça para transformar a vida de cada aluno que passa por ela, mas esse seu contexto e o contexto de Manguinhos acaba por encorajar alguns a abandoná-la. Sofro, acima de tudo, com a minha impotência de não garantir que o menino Cristian e tantos outros estivessem dentro da escola no momento dos tiroteios. Mas o que ameniza meu sofrimento é saber que não estou sozinho. Sofremos juntos!!! Se sofremos juntos, por que não lutamos juntos? (já dizia Mafalda). Mas a luta não é para ajudar aos pobres, ou a escola pobre, no sentido de amenizar o sofrimento humano, é assumir o compromisso ético-político da árdua tarefa de lutar contra as desigualdades sociais. Devemos também reconhecer que essas diferenças sociais foram produzidas historicamente, a base de muita ignorância, superstição e tirania, através da ocultação da verdade de que todos somos iguais e devemos gozar dos mesmos benefícios sociais, sem privilégios e regalias de qualquer espécie. Isto implica, para além dos laços fraternos que nos une, reconhecer os interesses e os valores antagônicos dos diversos projetos de sociedade em disputa. Precisamos nos fortalecer cada vez mais. Todos somos trabalhadores! Somos a maioria! Nas palavras de Danilo Gandin, “o plano se faz com o querer, com o saber e com o fazer de todos”. Obrigado! ‎Cristian presente!

 

Publicado em Desafios | Com a tag , , | Deixe um comentário

O TEMA SOCIEDADE DO CONSUMO NO ENSINO DE BIOLOGIA

Este relato narra o processo de elaboração, aplicação e implementação de duas sequências didáticas sobre o tema “sociedade de consumo” nas disciplinas Biologia na Educação de Jovens e Adultos (EJA) e Língua Portuguesa no ensino médio regular, produzidas no âmbito do Projeto “Articulações no Ensino de Ciências a partir da perspectiva CTS na educação básica: desempenho de estudantes, práticas educativas e materiais de ensino” (Observatório da Educação, 2012). Sintetizamos desafios relacionados ao processo colaborativo, bem como o desenvolvimento e avaliação de sequências didáticas que abordaram a sociedade do consumo como uma questão socialmente aguda. Os resultados parciais exploram limites e possibilidades de inovações curriculares, a apropriação de uma fundamentação teórica para as referidas intervenções, exercício do domínio discursivo oral para um debate e o fortalecimento do espaço colaborativo multidisciplinar.

Texto completo disponível em .PDF.

Publicado em Sem categoria | Com a tag , , | Deixe um comentário

A IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA NO TERRITÓRIO DE MANGUINHOS (RJ): estratégias de privatização na política pública

RESUMO

O presente estudo analisa as estratégias para implementação do Programa Saúde na Escola (PSE) no território de Manguinhos, no período de 2008 a 2013, buscando compreendê-lo enquanto uma política pública ligada aos campos da Educação e da Saúde. Trata-se de uma pesquisa exploratória, pautada em uma abordagem crítico-dialética, onde são apontadas e discutidas contradições que envolvem o PSE neste território, através de análise documental, à luz das reflexões sobre o Estado neoliberal e as políticas públicas, fundamentadas principalmente em Marx e Engels, Grasmci e Poulantzas. A pesquisa aponta que a implementação do referido programa, realizado através de contrato de gestão da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro com organizações sociais, nos permite evidenciar, em Manguinhos, uma política de atendimento a uma pequena parcela da população pobre (focalização), de gestão privada do Estado (privatização), e de uma intersetorialidade incompleta (prevalência do setor saúde), perpetuando, assim, as determinações da sociedade capitalista. Enfatiza-se, portanto, a relevância de se expor as contradições de forma clara, a fim de que a classe trabalhadora caminhe, cada vez mais, na direção da consciência de classe necessária para superar a pobreza e eliminar as desigualdades sociais.

Dissertação disponível na íntegra em PDF.

Publicado em Sem categoria | Com a tag , , , , | Deixe um comentário

DESAFIOS NA RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E SAÚDE: A INTERSETORIALIDADE NO PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA

          Publicado em: http://www.rioeduca.net/blogViews.php?bid=16&id=4058

      Quais os limites e possibilidades do Programa Saúde na Escola (PSE) constituir-se nas escolas públicas como espaço verdadeiramente democrático de construção, acompanhamento e avaliação das ações de saúde coletiva, com a participação efetiva dos profissionais da educação, saúde e assistência social, articulados de forma permanente e territorial, por meio de projetos construídos por esse grupo em diálogo com a comunidade escolar? Responder a essa questão certamente não é fácil, pois envolve diferentes concepções de “intersetorialidade”, sugerindo, no mínimo, refletir sobre a relação entre educação e saúde, na perspectiva da Saúde Coletiva:

[…] o cruzamento entre diferentes saberes e práticas; a ênfase na integralidade e equidade na lógica do SUS; a superação do biologicismo e do modelo clínico hegemônico (centrado no saber e prática médica, na doença, nos procedimentos, no especialismo e na orientação hospitalar); a valorização do social e da subjetividade; a valorização do cuidado e não só da prescrição; o estímulo à convivência e ao estabelecimento de laços entre população e os profissionais de saúde; […] entre outros princípios. (CAMPOS et. al., 2012, p.139)

         As pesquisas sobre educação em saúde vêm, ao longo do tempo, evidenciando uma prevalência de aspectos assistenciais e curativos, no âmbito das ações de saúde nas escolas, em detrimento aos aspectos relativos à prevenção, promoção e produção social da saúde. Considerando, nessa última, a necessidade de ações que visem ampliar as possibilidades de emancipação dos educandos na luta pelo direito à uma vida saudável.

         A implantação do PSE, nos termos do Decreto Federal Nº 6.286, de 5 de dezembro de 2007, que institui o referido programa, ao passo que fortalece a possibilidade de reflexão sobre os determinantes sociais da saúde no âmbito da comunidade escolar, cria grandes desafios no processo de construção coletiva de uma vida saudável. Entre esses desafios, destaca-se a intersetorialidade, no sentido da articulação (de forma colaborativa) dos trabalhos das equipes da educação, saúde e assistência social do território no qual se localiza a escola, entendendo que:

O grande desafio para a elaboração de políticas públicas saudáveis, intersetoriais, é superar a dificuldade para implementá-las devido à persistência da lógica setorial e da fragmentação e desarticulação do modelo administrativo tradicional. (CAMPOS et. al., 2012, p.704)

 

REFERÊNCIA

CAMPOS, G. W. de S. [et. al.]. Tratado de saúde coletiva. São Paulo: Hucitec, 2012.

Publicado em Desafios | Com a tag , | Deixe um comentário

21 MOTIVOS CONTRA O PROVÃO (subsídio para o debate – 2ª revisão)

1. Ainda que pareça estarmos acostumados com um momento denominado “provão”, é uma prática docente de caráter duvidoso, sobretudo em relação aos seus objetivos políticos, científicos e metodológicos ainda pouco discutidos e entendidos em nossa comunidade escolar;
2. Exige organização por parte da equipe pedagógica da escola em mobilizar recursos (escassos) para padronizar e divulgar procedimentos para todo corpo docente;
3. Perde-se, no mínimo, uma semana de aula;
4. Se a idéia é o “adestramento”, para se fazer prova de concurso (seleção), usada por alguns como justificativa para o provão, esta inibe o caráter de diagnóstico da avaliação, podendo muito bem ser feito no âmbito de cada disciplina, a critério do professor;
5. Os alunos não foram consultados quanto à sua aplicação;
6. Nem todos os professores concordam com a sua existência;
7. O planejamento dos meios de avaliação estão na dependência da definição de datas do provão, por parte da direção, o que limita outras práticas avaliativas;
8. Segundo Luckesi, “Mandar entregar [Instrumento de avaliação] é uma forma de suprimir a possibilidade de um processo dialógico e construtivo entre o educador e o educando.”;
9. Nota-se pressa para terminar a prova e “aproveitar” o tempo sem aula;
10. Inviabiliza a negociação professor-alunos, em relação a melhores datas e horários de provas;
11. Sob o ponto de vista da neurociência, o stresse, bem como o clima de medo, tensão e ansiedade decorrente de uma semana de prova, onde o aluno é compelido a fazer até duas provas em um mesmo dia, inibe a produção de neurotransmissores, favorecendo a perda de memória;
12. A Portaria SEEDUC/SUGEN Nº 316/2012, que trata de avaliação do desempenho escolar na rede estadual de ensino, diz que: “Nas avaliações bimestrais deverão ser utilizados, no mínimo, 3 (três) instrumentos avaliativos diferenciados com valores definidos pelo Professor”, não mencionando a necessidade de um momento de avaliação comum na escola;
13. A utilização da “prova” como instrumento avaliativo, por norma escolar e não por decisão pessoal do Professor/a, S.M.J., fere a liberdade de ensinar/avaliar do educador, preconizada pela LEI ESTADUAL Nº 4528, de 28/03/2005;
14. As copiadoras da escola constantemente encontram-se com defeito;
15. Muitos alunos utilizam-se do artifício da “cola”, havendo, por parte do corpo docente, diferentes níveis de tolerância em relação a esse fato, o que na maioria das vezes “mascara” o resultado final da avaliação;
16. O fato de outro professor aplicar uma prova que não faz parte da sua disciplina impede-o de tirar determinadas dúvidas ou até anular uma questão errônea, no momento da realização da prova. Por outro lado, se o próprio professor da disciplina aplica sua prova, é fácil perceber o grau de dificuldade, não só do resultado final do aproveitamento escolar, mas também em relação ao entendimento das questões;
17. Poucas escolas concentram todas as provas em uma única “semana de provas”, inclusive estabelecendo dias para cada disciplina;
18. Há casos em que o aluno chega atrasado e participa do provão, mesmo os professores cientes de que alguns alunos, ao concluir a prova, foram liberados, quebrando o sigilo da prova;
19. Há casos de provas recebidas sem turma e/ou nome do aluno, dificultando sua identificação;
20. Pode-se afirmar que a maioria dos alunos prefere que a prova seja aplicada pelo próprio professor da disciplina, em data a ser acordada com os alunos, levando-se em consideração a inexistência de outra prova no mesmo dia;
21. O processo avaliativo pressupõe um momento privilegiado, não só de aferição dos resultados alcançados e de diagnóstico do caminho percorrido, mas sobretudo de motivação quanto aos objetivos de cada disciplina. E ninguém melhor do que o próprio professor para incentivar/encorajar os seus alunos, levando-os a perceber que cada dificuldade encontrada é mais um “tijolo” na construção do conhecimento.

Publicado em Sem categoria | Deixe um comentário

Por uma cultura digital com justiça social

É inegável o quanto se democratizou o acesso ao conhecimento e a novos meios de produção, principalmente nesses últimos anos. A inserção das novas tecnologias no processo educacional é um tema extremamente relevante e que provoca muitas reflexões. Nesse sentido, é importante pensar as inúmeras possibilidades do uso das tecnologias da informação e comunicação dentro e fora da sala de aula. Não se trata de, simplesmente, usar as novas tecnologias de forma adequada, tem de se discutir o impacto social da cultura digital, para além do processo de ensino aprendizagem escolar. Há de se ter uma visão ampliada da sociedade da informação e comunicação, como forma de organizar e/ou modificar as relações sociais hegemônicas, abalando os alicerces da dominação tecnológica e ampliando a criatividade e a construção colaborativa do conhecimento. Pois, só assim, as tecnologias digitais na educação poderão relacionar teoria e prática a vivência da justiça social.

Publicado em Desafios | Com a tag , , | 1 Comentário

Episódio Orientadores Tecnológicos em 2007

JC e-mail 3231, de 27 de Março de 2007.
O.T. – profissão de risco!, artigo de Roberto Eduardo Albino Brandão

É profundamente lamentável que o Governo Estadual do RJ inviabilize, ainda que provisoriamente, o programa de fomento no uso das tecnologias educacionais nas escolas.

Demorei seis dias a me pronunciar sobre isso, pois pensei que o Secretário Estadual de Educação atentasse para o descalabro que é acabar com os Orientadores Tecnológicos – O.T. e descobrisse que houve um “engano”, mas vejo que essa é a política do novo Governo.

Muitos investimentos, pessoais e governamentais, foram feitos e não cabe a alegação de economia com gastos de pessoal ou replanejamento de cargos/funções, quando se trata de qualidade educacional, embora eu desconheça qualquer explicação ou solicitação formal para que os O.T. voltem para os seus respectivos e tradicionais conteúdos disciplinares.

Desta forma, observa-se que o Governo não fez o “dever de casa”, não avaliando e discutindo com a comunidade escolar a atuação dos O.T. É simplesmente inaceitável!

Durante muito tempo lutamos para conseguir o suporte necessário de infra-estrutura física, material e pessoal para situarmos nossos alunos na era digital. Agora que conquistamos o mínimo e podemos mostrar o resultado do nosso trabalho, mesmo nesse curto espaço de tempo, somos tolhidos completamente.

Logo agora que tentávamos diminuir o fosso existente entre aquilo que a rede estadual de educação oferece e o que os educandos realmente necessitam para alcançar a tão falada “Cidadania”.

Sem falar na frustração dos nossos alunos, após trabalho amplo sobre a importância de se atualizar no mundo das tecnologias, recebem um banho de água fria ao encontrar o Laboratório de Informática Educativa – LIED fechado.

Sou testemunha do “brilho nos olhos” e no “interesse” dos alunos ao criar uma conta de e-mail, entre outras possibilidades de acesso digital.

É desnecessário falar do impacto motivacional, sob o ponto de vista pedagógico, e na diminuição da evasão, que os recursos modernos trazem dentro da escola.

É inegável, portanto, a boa atuação dos O.T. no sentido de possibilitar e incentivar o uso dessas ferramentas na escola, até que todos os docentes sejam plenamente capacitados.

Diante desse cenário, só me resta agradecer… Aos alunos, que tiveram uma destacada participação no uso do LIED, mesmo fora do tempo de aula, realizando atividades extracurriculares propostas pelo O.T.

Aos professores, que não tiveram medo do “novo” e vislumbraram as infinitas possibilidades de construção do conhecimento e progrediram graças à sua dedicação ao trabalho bem executado e à eficiência no uso adequado dos novos recursos tecnológicos disponíveis.

A Direção da Escola que não mediu esforços na busca dos recursos necessários na concretização e operacionalização do LIED. Aqueles “heróis” da comunidade que nos ajudaram.

E ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, que deu um bom exemplo de “Descontinuidade” de um dos poucos projetos bem sucedidos na gestão anterior.

Disponível em: <http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=45699>

Publicado em Desafios | Com a tag , | Deixe um comentário

Falta educação dentro da escola.

A sociedade não faz ideia da precaríssima situação da escola pública, em especial no que se refere às condições de trabalho do professor, excluindo-se as “ilhas de excelência” criadas pela prefeitura do Rio. Antes de se cogitar que os prefessores sabiam, quando entraram para o magistério, o que iriam encontrar, é preciso conhecer a realidade dentro da escola básica, e não somente o que a mídia divulga. Ninguém me avisou que eu encontraria pais de alunos tão irresponsáveis quanto os próprios alunos. Ninguém me preparou para isso. O que dizer quando os pais dos alunos se quer respondem ao cumprimento de um cordial bom dia, por parte dos professores? Que escola é essa que convive com à falta de educação todos os dias? Será que uma das causas de tanta violência não passa pela (in)tolerância do diálogo franco e aberto?

Publicado em Desafios | Deixe um comentário