Diário de Motocicleta – 10º Dia (29/12/16)

Status:  San Pedro de Atacama (Chile)

Já acordei cansado. Aqui, durante o dia, é muito quente (igual ao Rio), mas vai caindo a noite e a temperatura baixa muito. Nesse momento são 22h e a temperatura é de 18ºC. Tirei o dia para fazer passeios próximos, cujas fotos são autoexplicativas.

Amanhã (sexta-feira) programei fazer um tour pelas lagunas altiplanas e sábado Geiser del Tatio.

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Diário de Motocicleta – 9º Dia (28/12/16)

Status:  San Pedro de Atacama (Chile)

Finalmente cheguei ao deserto mais árido do mundo. Saí de Jujuy com chuva fraca, disposto a percorrer os quase 700km até Atacama. Se não fossem as 3 horas e meia na aduana argentina/chilena (integrada), eu teria chagado mais cedo. Cheguei as 21h. Por sorte eu já havia reservado um albergue. Atravessar a Cordilheira dos Andes de moto é uma experiência principalmente de valorização aos bons equipamentos. Há 2 trechos cujas temperaturas são negativas. Soma-se a temperatura extrema o vento. Minha preocupação maior era a tempestade de areia. O mal da montanha também era uma preocupação, porém pequena, pois em Cuzco (Peru) eu senti apenas cansaço e uma leve dor de cabeça, chegando de avião. De moto, o período de adaptação a baixa pressão atmosférica e a pouca quantidade de oxigênio, é maior. Sem contar que, na primeira oportunidade, mandei aquele chazinho de coca pra dentro. Não aproveitei para tirar muitas fotos, pois minha vontade de chegar era grande.

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Diário de Motocicleta – 8º Dia (27/12/16)

Status:  San Salvador de Jujuy (Argentina)

Hoje foi um dia com fortes emoções… Saí de Juárez feliz da vida, apesar do aviso de “tormenta”. O céu estava nublado, a temperatura estava agradável e não chovia. O sentimento era de que o universo conspira a nosso favor. Era o melhor cenário para viajar de moto. Os diferentes pássaros no caminho me inspiraram a pensar em poesia. Havia uma nuvem escura ao longe, mas minha esperança era de que não avançasse em minha direção. E veio a tormenta! A intensidade de água variava entre “muito forte” e “extremamente forte”. Na TV do posto de combustível (já quase chegando a Jujuy) estava noticiando que Buenos Aires sofreu a pior enchente dos últimos 20 anos. Não havia como parar a moto, pois não havia local coberto. O jeito foi diminuir a velocidade e encarar. E ainda pensando no pobre do tamanduá. Era água para tudo que é lado, inclusive dentro da luva e bota. Em menos de uma hora o melhor cenário se transformou no pior cenário. Mas está valendo! Os contrastes nos ajudam a perceber melhor as diferenças. Amanhã chego ao Chile, sem pressa!

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Diário de Motocicleta – 7º Dia (26/12/16)

Status:  Ingeniero Juárez (Argentina)

Saí tarde de Resistencia, cerca de 11h. Precisei trocar dinheiro e consegui uma boa cotação (1 real – 5,35 pesos). Os bancos aqui abrem 7h. Outro ponto para a Argentina!!! Optei por um caminho mais longo (200km +). Ao invés de ir direto até Salta, segui pela Ruta 11 até Formosa e depois pela Ruta 81 até Ingeniero Juárez. Faltam cerca de 1000km até San Pedro de Atacama. Minha moral está elevada. Até a minha região glútea parece que já assumiu a conformação do banco da moto, e parou de doer. Por onde passo há muitas perguntas sobre a minha moto (CB 500X), pois não há esse modelo por aqui. Assim, esse é um bom motivo para iniciar uma conversa latino-americana. Para os que me acham corajoso, precisam conhecer o Helmut, um jovem alemão, que viaja o mundo nessa moto:

Que vontade de saber mais das suas histórias e experiências vividas…

Na estrada há vários pequenos mamíferos e aves mortos atropelados. Mas esse tamanduá me deixou perplexo e triste… certamente um aviso para diminuir a velocidade e ter mais atenção na ruta, sem pressa!!!

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Diário de Motocicleta – 6º Dia (25/12/16)

Status:  Resistencia (Argentina)

Minha previsão era pernoitar em Corrientes, mas, como sou resistente, estiquei mais um pouco e cheguei em Resistência (rs). Não tive problema algum na aduana, tão pouco nos diversos postos de polícia rodoviária argentina, espalhados pela Ruta 14 e 12. Fui parado apenas uma vez, por um policial muito simpático que verificou a carta verde e a minha carteira de motorista. Há muitos relatos (na internet) de corrupção junto aos policiais argentinos. Conheci 2 casais de paranaenses que estavam seguindo, de moto, para Buenos Aires. Rodamos um longo caminho juntos (eu tentando segui-los), até que paramos, trocamos algumas ideias e resolvemos almoçar. Rodamos mais um tempo, procurando um restaurante, pois nesse domingo de natal estava tudo cerrado, até que achamos uma lanchonete dentro de uma rodoviária. Motociclista é tudo gente boa!!! Nos pedágios argentinos, pelo menos nos que eu passei, motos não pagam, ponto para nuestros hermanos. Quase fiquei sem combustível, num calor de fritar ovo no asfalto. Ufa, que sufoco!!! Mas aí vem a aprendizagem… A partir desse ponto, além de encher meu galão extra de combustível, tenho que perguntar sempre a quantos quilômetros fica o próximo posto. A estrada é boa e agora começa uma reta sem fim, cruzando os pampas, ou seja, sem nenhuma sombra. Faltam cerca de 1400 Km para chegar em San Pedro de Atacama, sem pressa.

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Diário de Motocicleta – 3º ao 5º Dia (22 a 24/12/16)

Status:  ainda em Foz do Iguaçu/PR

Meus queridos, em 1º lugar quero agradecer a todos/as que enviaram mensagens de boa viagem e estão acompanhando essa nossa jornada. Em 2º lugar, peço desculpas por não enviar notícias antes. Como eu havia dito, cheguei em Foz muito cansado e debaixo de chuva, daí tive que pernoitar num hotel e, no dia seguinte, ir para o camping, cujo sinal da internet não alcançava minha barraca. Nesses 3 dias aproveitei para:

1.       Me recuperar de uma assadura (coisa de motociclista…rs). O macete foi trazer Hipoglos em meu kit de primeiros socorros. Tudo ok.

2.       Lavar e lubrificar a motoca. Os profissionais da Motec (concessionária Honda) foram super atenciosos e deixaram a moto em excelentes condições novamente.

3.       Adquirir o seguro Carta Verde. Obrigatório para rodar na Argentina e Chile, entre outros países. Custou R$ 120,00, para 7 dias. Apenas uma seguradora, localizada na entrada da cidade, está credenciada para fazer esse seguro (para motos) aqui em Foz.

4.       Visitar o Parque das Aves e as Cataratas do Rio Iguaçu. Simplesmente maravilhosos. Espetáculos da nossa natureza exuberante. Todo brasileiro deveria conhecer! Especial atenção ao “banho”. É certo que o banho possui um poder revigorante. Aquele mesmo de chuveiro.  Lembro do tempo de sobrevivência no exército, onde mesmo com fome, depois de um banho rápido, tudo ficava mais fácil. Se um banho de chuveiro dá essa “força”, imaginem passar por baixo de uma das quedas do rio Iguaçu. Por R$ 190,00 isso é possível. Chama-se Macuco Safari e dura 2 horas.

5.       Conhecer a cidade, “andando”, é claro! Foz do Iguaçu é uma bela cidade, com ruas largas e um povo que trata muito bem os turistas. Um bom exemplo (nota 10) foi ontem à noite, passeando na cidade (ruas desertas), ao abordar um transeunte, para pedir explicação, o mesmo além de me explicar em detalhes, ao final, me disse: “-Seja bem-vindo a nossa cidade e tenha uma boa noite”. A nota ZERO vai para o “Shopping Cataratas” que, além de cobrar o mesmo preço no estacionamento de moto ou carro, o que por si só já é um absurdo, não permitiu que eu ocupasse uma vaga destinada a carro, uma vez que o local destinado as motos estava lotado. A alternativa que me deram foi colocar na vaga destinada a deficientes físicos, a qual eu logicamente não aceitei e fiz minha reclamação por escrito nesse ganancioso shopping center. Além disso, os funcionários foram arrogantes, razões pelas quais aviso a todos: visitem Foz do Iguaçu, mas NUNCA ENTREM NO SHOPPING CATARATAS!!!

6.       Comprar um galão (2,5 Lt) para combustível, no Paraguai. Nossa legislação proíbe levar combustível extra, porém, no deserto, esse recurso é permitido e vai aumentar a autonomia da moto e me deixar um pouco mais tranquilo em relação a pane seca.

Por fim, vamos ao que importa. Mas o que importa? Sim, a viagem!!! Amanhã (dia 25), cheio de energia, pretendo passar pela aduana argentina as 8h, em direção a cidade de Corrientes, sem pressa.

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Diário de Motocicleta – 2º Dia (21/12/16)

Status:  em Foz do Iguaçu/PR

Hoje foi outra estirada, 670 Km (Ourinhos até Foz). Nenhum imprevisto até agora. Nenhum problema com a moto. Nenhum engarrafamento. Nenhuma Blitz. Nenhum acidente. A chuva já era prevista… e como choveu no caminho!!! Apenas os aromas e os sabores do campo. É difícil, para quem não é motociclista, entender o prazer de viajar de moto. Liberdade? É mais que isso! Com o tempo, o foco no trânsito se automatiza, de uma forma inexplicável, e a mente também viaja. Paro para tomar um caldo de cana e as pessoas logo comentam: “-Você é maluco!” Até para minha mãe eu tenho que dizer que eu não estou infeliz. É difícil explicar para as pessoas que uma viagem de moto, principalmente sem companhia física, é sempre uma viagem interior. É um momento raro, onde podemos meditar na grande viagem, que é a vida!!!

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Diário de Motocicleta – 1º Dia (20/12/16)

Destino: “…andar por esse país, pra vê se um dia descanso feliz.”
Direção: deserto do Atacama/Chile
Sentido: ainda buscando…
Status: em Ourinhos/SP

Viajar 800km (do Rio de Janeiro até Ourinhos) em cima de uma moto é o tipo de coisa que só se faz uma vez na vida. Saí de casa 6:30h e cheguei 16:30h, só parando nos postos de combustível para abastecer e esticar as pernas. Estou moído! Mas a dor faz parte da “viagem”, o sofrimento não. Embarco nessa viagem com o simples prazer de viajar!!! Levo minha “bagagem” que, para alguns, podem achar que é muita (ou pouca), mas é o que me trouxe até aqui. Sou muito grato a essa minha bagagem, bem como a todos/as que me ajudaram a conquistá-la. Não tenho tudo o que quero, mas amo tudo o que tenho, como disse uma professora timorense. Também não viajo só. Ninguém viaja sozinho, por mais solitário que seja atravessar o “deserto”… Levo comigo todos aqueles que me transformaram no viajante que sou. Amanhã sigo para Foz do Iguaçu, sem pressa.

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Discurso proferido dia 15 de setembro de 2015, em Ato público na Fiocruz, sete dias após mais um menino ser assassinado em Manguinhos

Foto ato

Fui provocado a refletir sobre o meu papel, enquanto sujeito cultural e histórico, sendo um trabalhador de 45 anos morando em Manguinhos e que exerce a função de professor de ciências de uma escola pública (CIEP JK) aqui ao lado da Fiocruz. Confesso que, individualmente, me reconheço insignificante, frente a todas as violências que sofro. Sou violentado todos os dias, pela escola não ter uma mesa adequada para trabalhar, ter quadros negros danificados, não ter internet, não ter completo o seu quadro de profissionais, etc. Sofro com as guerras de comida no refeitório, uns alunos jogando comida em outros. Sofro com os constantes conflitos e gritarias nos corredores e dentro das salas de aula. Sofro com as dificuldades de aprendizagem dos meus alunos. Sofro com a fuga de alunos pulando o muro da escola, e ainda há quem diga que a solução é aumentar o muro. Sofro com a indiferença de alguns colegas. Sofro ao perceber o quanto a minha escola pode e se esforça para transformar a vida de cada aluno que passa por ela, mas esse seu contexto e o contexto de Manguinhos acaba por encorajar alguns a abandoná-la. Sofro, acima de tudo, com a minha impotência de não garantir que o menino Cristian e tantos outros estivessem dentro da escola no momento dos tiroteios. Mas o que ameniza meu sofrimento é saber que não estou sozinho. Sofremos juntos!!! Se sofremos juntos, por que não lutamos juntos? (já dizia Mafalda). Mas a luta não é para ajudar aos pobres, ou a escola pobre, no sentido de amenizar o sofrimento humano, é assumir o compromisso ético-político da árdua tarefa de lutar contra as desigualdades sociais. Devemos também reconhecer que essas diferenças sociais foram produzidas historicamente, a base de muita ignorância, superstição e tirania, através da ocultação da verdade de que todos somos iguais e devemos gozar dos mesmos benefícios sociais, sem privilégios e regalias de qualquer espécie. Isto implica, para além dos laços fraternos que nos une, reconhecer os interesses e os valores antagônicos dos diversos projetos de sociedade em disputa. Precisamos nos fortalecer cada vez mais. Todos somos trabalhadores! Somos a maioria! Nas palavras de Danilo Gandin, “o plano se faz com o querer, com o saber e com o fazer de todos”. Obrigado! ‎Cristian presente!

 

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O TEMA SOCIEDADE DO CONSUMO NO ENSINO DE BIOLOGIA

Este relato narra o processo de elaboração, aplicação e implementação de duas sequências didáticas sobre o tema “sociedade de consumo” nas disciplinas Biologia na Educação de Jovens e Adultos (EJA) e Língua Portuguesa no ensino médio regular, produzidas no âmbito do Projeto “Articulações no Ensino de Ciências a partir da perspectiva CTS na educação básica: desempenho de estudantes, práticas educativas e materiais de ensino” (Observatório da Educação, 2012). Sintetizamos desafios relacionados ao processo colaborativo, bem como o desenvolvimento e avaliação de sequências didáticas que abordaram a sociedade do consumo como uma questão socialmente aguda. Os resultados parciais exploram limites e possibilidades de inovações curriculares, a apropriação de uma fundamentação teórica para as referidas intervenções, exercício do domínio discursivo oral para um debate e o fortalecimento do espaço colaborativo multidisciplinar.

Texto completo disponível em .PDF.

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