ONDE A PANDEMIA DE COVID-19, O ASSASSINATO DE MARIELLE E O MOVIMENTO ESCOLA SEM PARTIDO SE APROXIMAM? Uma breve análise da crise capitalista

por Roberto Eduardo Albino Brandão[i]

O silêncio aparentemente “natural” (provocado por um vírus), o silenciamento de uma ativista social e a tentativa de silenciar o pensamento divergente dentro das escolas. Três marcos da atual crise capitalista, que dizem muito da realidade ideológica brasileira. Três “totalidades parciais”, na teoria marxista, de grande repercussão e reflexão em nível nacional e internacional. Três eventos discursivos, cujas análises possibilitam reconhecer quem são “os de cima” (classe dominante) e quem são “os de baixo” (classe trabalhadora). Três fatos sociais/históricos que, no contexto de crise da sociedade do consumo, nos convocam a práxis revolucionária anticapitalista.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou situação de pandemia de Covid-19, causada pelo novo coronavírus, no dia 11 de março de 2020. Não cabe aqui discutir as origens desse vírus, tão pouco naturalizá-lo, mas sim entender como a sociedade, com base no modo de produção capitalista, reage a esse problema de saúde. Nesse sentido, o governo brasileiro, em pronunciamento histórico do presidente da república, em 24 de março, contrariando as orientações da OMS e as medidas adotadas em outros países, tentou minimizar o problema, pedindo a “volta à normalidade”/fim do “confinamento em massa”, alegando que os meios de comunicação espalham “pavor”, e ainda chamando a doença de “gripezinha”. Tal discurso, diferente do “distúrbio mental” propagado por alguns, segue uma visão estratégica, dentro de um alinhamento “político” e “econômico” com megaempresários, de que “o Brasil não pode parar”, pois a produção, circulação e consumo de mercadorias são a base do processo produtivo de acumulação de riquezas por parte dos capitalistas. Ora, se houvesse uma preocupação concreta com a vida dos trabalhadores, o governo deveria estar investindo todos os esforços no atendimento médico-hospitalar suficiente e acessível a todos/as, inclusive e principalmente no momento de pico da contaminação pelo coronavírus. Ao invés disso, além desses esforços não serem suficientes em nenhum país, no caso brasileiro, o Sistema Único da Saúde (SUS) segue submetido a essa mesma lógica de acumulação de riquezas, cercado de ideias privatistas de saúde como mercadoria e, portanto, de atendimento somente a quem possa pagar e/ou parcerias “público-privadas”, ou seja, negando o sistema público, único e gratuito para todos/as. Ressalta-se que o governo brasileiro dispõe de reservas internacionais que somam mais de 350 bilhões de dólares e, portanto, pode manter os trabalhadores em confinamento para se diminuir a curva de transmissão, diluindo a demanda médico-hospitalar ao longo do tempo.

O assassinato de Marielle Franco, ocorrido em 14 de março de 2018, soma-se as milhares de outras mortes, sempre trágicas e desumanas, principalmente de pessoas das favelas do Rio de Janeiro, com uma diferença. Trata-se de uma pessoa altamente politizada, ou seja, que entendia a totalidade do sofrimento dos oprimidos, que denunciava a opressão, que dava voz a ralé, e tomava partido, defendendo não o seu ponto de vista individual, mas de toda a classe trabalhadora. Cabe considerar que esse brutal acontecimento é historicamente recorrente no interior do Brasil, onde a grande mídia não alcança, uma vez que atentam (com frequência) contra a vida de líderes políticos que contrariam os interesses dominantes no campo. Nesse sentido, embora ainda não se tenha elucidado o crime, por parte das instituições de segurança pública, passados mais de 2 anos, importante considerar as inúmeras mensagens Fake News sobre o caso Marielle. Tais discursos públicos, sem qualquer base material, inclusive por políticos influentes e magistrados, tentam depreciar sua bandeira socialista e despolitizar o crime: “A minha questão não é pessoal. Eu só estava me opondo à politização da morte dela[ii], diz a desembargadora Marilia Castro Neves à coluna da jornalista Mônica Bergamo, na Folha de São Paulo.

Embora surgido em 2004, o programa Escola sem partido tomou vulto em 2015, por conta dos projetos de lei que foram apresentados e discutidos no Congresso Nacional, nas câmaras municipais e nas assembleias legislativas, defendendo, entre outros, “[…] que todo professor tem o dever ético e profissional de se esforçar para alcançar esse ideal” “[…] da perfeita neutralidade e objetividade”[iii], esforçando-se para não contaminar ideologicamente os alunos. Soma-se a isso, o fato do idealizador do referido programa tentar retirar de Paulo Freire, sem qualquer apoio popular, o título de patrono da educação brasileira. Gaudêncio Frigoto (2017, p.31)[iv], sintetiza muito bem esse movimento, ao refletir sobre sua gênese na crise do sistema capitalista:

Ao por entre aspas o termo “sem” da denominação Escola sem Partido, quer-se sublinhar que, ao contrário, trata-se da defesa, por seus arautos, da escola do partido absoluto e único: partido da intolerância com as diferentes ou antagônicas visões de mundo, de conhecimento, de educação, de justiça, de liberdade; partido, portanto da xenofobia nas suas diferentes facetas: de gênero, de etnia, da pobreza e dos pobres, etc.

Para analisar os três fatos acima, é fundamental partir do pressuposto de que nenhum discurso é livre, sempre está inscrito historicamente, dentro de uma perspectiva ideológica, que não é tratada aqui como “falsa consciência”, mas que: “A ideologia é constituída pela realidade e constituinte da realidade. Não é um conjunto de ideias que surge do nada ou da mente privilegiada de alguns pensadores. Por isso, diz-se que ela é determinada, em última instância, pelo nível econômico(FIORIN, 1998, p.30)[v].

Assim, observa-se que os discursos hegemônicos, inclusive incorporados por uma fração da classe trabalhadora, possuem forte construção social alicerçada nas correntes de pensamento de base racionalista, liberal, positivista e meritocrática. É sabido que o século XVIII sacudiu o mundo, com o poder da razão, através do Iluminismo. Tal período culminou com a revolução (francesa), sob o lema “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”, onde as relações antagônicas entre classe dominante e classe trabalhadora se alteraram. No entanto, em se tratando de capitalismo mundializado, a classe trabalhadora vive ainda hoje sob a opressão da classe dominante:

A classe que chamo provocativamente de ralé é uma continuação direta dos escravos. Ela é hoje em grande parte mestiça, mas não deixa de ser destinatária da superexploração, do ódio e do desprezo que se reservavam ao escravo negro. O assassinato indiscriminado de pobres é atualmente uma política pública informal de todas as grandes cidades brasileiras. […] O acesso ao poder simbólico exige a construção de “fábricas de opiniões”: a grande imprensa, as grandes editoras e livrarias, para “convencer” seu público na direção que os proprietários queriam, sob a máscara da “liberdade de imprensa” e de opinião.[vi]

Torna-se evidente que “os proprietários”, os donos dos meios de produção, são os mesmos que enraizaram seus poderes econômicos no Estado, desenvolvendo a ideologia dominante capaz de lhe dar sustentação política. Essa constatação vem do próprio governo, um dia após o pronunciamento do presidente da república, ao criticar o confinamento dos trabalhadores, o presidente da Câmara Rodrigo Maia declarou:

Minha opinião é que nas últimas semanas nós tivemos uma pressão muito grande de parte de investidores. Aqueles que colocaram recursos na Bolsa de valores, esperando a prosperidade com a Bolsa a 150 mil pontos, a 180 mil pontos. A Bolsa caiu, como caiu no mundo inteiro, porque essa não é uma crise do Brasil, é uma crise mundial que atinge o Brasil.[vii]

Ao fazer com que o governo convoquem os trabalhadores a mover a máquina capitalista, ainda que com o sacrifício da própria vida, ao dificultar a elucidação de crimes que prejudiquem suas atividades lucrativas, bem como impedir o pensamento crítico que se oponha frontalmente a ideia de acumulação de riqueza e divisão social de classes, a classe dominante acentua ainda mais a crise. Mauro Iasi (2017)[viii] corrobora com essa reflexão, ao considerar que a burguesia comete “algumas falhas”, ao ameaçar a humanidade com sua ganância pelo lucro.

Tal “hegemonia ideológica”, caracterizada pela negação das determinações políticas que formam o cimento social, tenta jogar a culpa (da estagnação econômica, das mortes, do fracasso escolar) para o indivíduo trabalhador, naturalizando as relações de dominação e/ou apagando as contradições político-econômico-sociais, ou, simplesmente, escondendo-se atrás de uma suposta “neutralidade política”. Nessa conjuntura, que também estão presentes (encontra-se similaridade) o “golpe de Estado” impetrado pelo governo Temer, a prisão do ex-presidente Lula, a quebra de estabilidade do servidor público, o movimento de Educação a Distância, são incorporados discursos e práticas que obscurecem as tensões inerentes às relações dialéticas, quase sempre reproduzindo a ideologia da classe dominante, porém não sem resistência e luta.

Há quem não reconheça o quanto a sociedade capitalista nos faz pensar e agir individualistas e/ou na materialidade da luta de classes. Há quem, por exemplo, disponha de recursos financeiros para estocar alimentos e cumprir fielmente o confinamento, evitando se expor ao coronavírus, sem pensar nas pessoas que, ao não disporem dos recursos mínimos de subsistência, não podem se dar ao luxo de ficar em casa. Há quem feche os olhos para o que aconteceu com Marielle, banalizando sua trajetória de vida, bem como os processos judiciais contra professores que, durante suas aulas, tentam pensar nas formas de legitimação da sociedade. Qualquer pensamento está inscrito politicamente em nossa sociedade e refere-se a luta/batalha/guerra travada por sobrevivência da classe trabalhadora, seja no campo da resistência, da militância, e/ou da revolução anticapitalista. Na visão de Fernandes (1981), “A luta de classes não constitui um artigo de fé. Ela é uma realidade e só poderá desaparecer se o capitalismo for destruído[ix].

Buscando demonstrar como esses três fatos sociais/históricos estão imbrincados com a atual crise capitalista, apreende-se que quanto maior o processo de concentração de riquezas, mais evidências surgem da superexploração de uma classe sobre a outra, seja no campo da saúde, da segurança e/ou da educação. As obras de Karl Marx ajudam na compreensão da exploração da força de trabalho, sistematizando diversas categorias fundantes do capitalismo. Embora sua época fosse bem diferente da atual, tais categorias permanecem auxiliando aos que se dedicam a “montar o quebra-cabeça” da economia política no contexto atual. Em seu esforço de atualizar as categorias “dinheiro”, “valor”, “mais valor”, “capital fictício” e “crédito”, David Harvey (2018, p.67)[x] desvela esse modo de produção capitalista, na configuração histórica específica do século XXI:

[…] o capital portador de juros se tornou uma força motriz independente e poderosa de acumulação por conta própria. O resultado não foi a emancipação humana da vontade e da necessidade, mas uma eficiência crescente da circulação e da produção de mais-valor, à custa de índices cada vez maiores de servidão por endividamento e alienação progressiva na política da vida cotidiana.

A alienação, que parte do acirramento da superexploração, dificulta a solidariedade de classe, nesses casos, entre os que podem e os que não pode trabalhar e/ou cumprir o isolamento social em época de pandemia, entre os que podem se manifestar correndo riscos e os que precisam da clandestinidade, entre os professores conservadores (reprodutores) e os progressistas (revolucionários), entre os trabalhadores formais e os “uberizados”, entre os “capitães do mato” e os “escravizados”. Ocorre que os inimigos da classe trabalhadora são aqueles que criam essas diferenças no mundo do trabalho.

Urge a práxis revolucionária[xi], de refletir coletivamente, com a maior profundidade possível, sobre a visão de mundo no conjunto da classe trabalhadora, unificando-a na luta efetiva anticapitalista. No nível teórico, isso significa entender que a crítica ao capitalismo perde sua potência, sempre que não agrega a fração da classe trabalhadora mais “escravizada/precarizada” (ralé). Mas, no nível prático, implica formar um movimento de massa, com ações concretas, para mudar o sistema atual. Talvez tenha que se criar (ou não) um partido que aglutine todas as forças revolucionárias. De tal forma que se combine esforços para dominar a classe dominante, e retomar os ideais da revolução francesa, não no sentido de uma revolução burguesa, mas em prol de uma revolução verdadeiramente proletária, com justiça social para todos/as, ou seja, eliminando a divisão de classe e pôr fim a propriedade privada.


[i] Professor de Biologia/Ciências das redes públicas de ensino, Mestre em Educação Profissional em Saúde. http://www.roberto.bio.br/blog

[ii] Disponível em: https://exame.abril.com.br/brasil/desembargadora-marielle-foi-eleita-pelo-comando-vermelho/. Acesso em: 27 mar 2020.

[iii] Disponível em: http://escolasempartido.org/objetivos. Acesso em: 20 mar 2018.

[iv] FRIGOTTO, Gaudêncio (Org.). Escola “sem” partido: esfinge que ameaça a educação e a sociedade brasileira. Rio de Janeiro: UERJ, LPP, 2017.

[v] FIORIN, José Luiz. Linguagem e ideologia. São Paulo: Atica. 1998.

[vi] Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/09/1920559-escravidao-e-nao-corrupcao-define-sociedade-brasileira-diz-jesse-souza.shtml. Acesso em: 27 mar 2020.

[vii] Disponível em: https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,pressao-para-fim-do-isolamento-vem-de-investidores-da-bolsa-afirma-maia,70003248091.amp?__twitter_impression=true. Acesso em: 27 mar 2020.

[viii] IASI, Mauro. Política, Estado e ideologia na trama conjuntural. São Paulo: ICP, 2017.

[ix] FERNANDES, Florestan. O que é revolução. Ed. Brasiliense. 1981

[x] HARVEY, David. A loucura da razão econômica: Marx e o capital no século XXI. São Paulo: Boitempo, 2018.

[xi] Vide Poesia – Dissidência ou arte de dissidiar – Mauro Iasi

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Nosso livro: Política Educacional e Dilemas do Ensino em Tempos de Crise: Juventude, currículo, reformas do ensino e formação de professores

Organizado pelas professoras Lúcia Ap. Valadares Sartório, Lucília Augusta Lino e Nádia Maria Pereira de Souza, a coletânea intitulada Política Educacional e Dilemas do Ensino em tempos de Crise – juventude, currículo, reformas do ensino e formação de professores, traz reflexões acerca dos problemas educacionais e das políticas educacionais recentes a partir de uma análise histórica e filosófica com vistas a compreender o grau de extensão das mudanças lançadas sobre o ensino. A compreensão do real significado da “Flexibilização” e do “Notório Saber”, as propostas contidas na Base Nacional Comum Curricular, a relação entre mercantilização e política neoliberal, entre outras questões como o sentido e significado dos conceitos de competências e habilidades, contribuem à análise crítica dos fatores que estão imbricados na atual configuração da educação brasileira.

Coletânea: Política Educacional e Dilemas do Ensino em Tempos de Crise – Juventude, Currículo, Reformas do Ensino e Formação de Professores. 506p.

Editora: Editora Livraria da Física. São Paulo. Ano: 2018.

http://www.livrariadafisica.com.br/detalhe_produto.aspx?id=146541&titulo=Pol%C3%ADtica+Educacional+e+dilemas+do+ensino+em+tempos+de+crise

Autores:

Alexandre Rodrigues de Assis; Ana Carolina Galvão Marsiglia; Danielle Santos; Dirce Zan; Elizabete Cristina Ribeiro Silva Jardim; Elizangela Menezes; Fabiana Scoleso; Giandrea Reuss Strenzel; Gustavo de Oliveira Figueiredo; José dos Santos de Souza; Leonardo Docena Pina; Lígia Cristina Ferreira Machado; Liz Denize Carvalho Paiva; Lúcia Ap. Valadares Sartório; Lucília Augusta Lino; Luzia Batista de Oliveira Silva; Marcelo Bairral; Márcio de Albuquerque Vianna; Maycon Silva Melo; Miriam Morelli Lima de Mello; Nádia Maria Pereira de Souza; Roberto Eduardo Albino Brandão; Vinícius de Oliveira Machado.

 

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TENTARAM CALAR MARIELLE, ACORDARAM AS VOZES DAS FAVELAS

 

Meus companheiros Professores do C.E. Bahia, onde, segundo informações que ainda estão sendo averiguadas, Marielle estudou a noite

Inspirado em Gramsci <https://www.marxists.org/portugues/gramsci/1917/02/11.htm>, envio recado para todos os que assistem a vida pela televisão e/ou não querem tomar partido na luta de classes vigente:

“Aos indiferentes toda nossa militância insistente,

assumam o lado na luta vigente,

pois os oprimidos não morrem impotentes,

crescem na dor conscientes…

Marielle para sempre presente!!!”

Aos companheiros que vivem, moradores de favela ou não, presentes no ato político de hoje na Maré, todo nosso respeito, admiração e gratidão, principalmente pela coragem de estar junto na luta, optando pelos mais fracos (classe trabalhadora). Não adianta fugir, nessa sociedade capitalista, pois só há duas forças atuando: oprimidos e opressores. Se você fecha os olhos para essa realidade, como se isso fosse possível, ao desejar não lutar, você já escolheu o lado da classe dominante, que nos humilha, que nos emudece, que nos amedronta, que diz que escola não é lugar de política, que nos mata. Não falo da polícia, mas dos que mandam na polícia, condenando todos a esse abismo de desigualdade social.

O companheiro mais jovem de todos, Sr. Bezerra, incansável na luta contra o capitalismo, construindo o poder popular, somos juntos!

 

 

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Pré Vestibular Social no C.E. Prof. Clóvis Monteiro

Igualdade, eis a nossa utopia!

Ignorância, preconceitos e erros me acorrentam
Caminho na escuridão, mas luzes hão de surgir
Luzes do mais puro amor, que sempre sustentam
Sabedoria, força e beleza vão me nutrir

Iluminar significa lançar luz
Nas trevas que escurecem a alma e assombra
Luz que irradia conhecimento e produz
É por isso que a luz não tem sombra

Zelar pela harmonia dessa ordem
Constrói-se liberdade, igualdade e fraternidade consciente
Iluminando cada ponto da sociedade em desordem
Vislumbra-se um mundo mais eficiente

Eficiência não rima com justiça social
Pode até ser confundida com valorização do capital
Mas o sentido, nesse caso especial
Vai muito além da beneficência universal

A prática libertadora de Paulo Freire permite refletir
O quão importante é garantir a liberdade
A luta dos oprimidos contra os opressores devemos conduzir
Não há liberdade sem igualdade de oportunidade

E a igualdade, por conseguinte
Não deve ficar só no discurso
Sem privilégio e carência, abastado ou pedinte
Sigamos nesse percurso

A lei do dinheiro move o mundo capitalista
Desigualdade gera miséria, não se pode negar
Somos peças desse mecanismo privatista
Ilhas de virtude devemos edificar

Nesse ofício de construção
Precisamos sempre de claridade
Vive-se tempos de intolerância e alienação
Que escurece a esperança e distorce a realidade

Por isso, sigamos em frente camaradas
Fortalecendo nossa classe oprimida
Abrindo juntos todas as portas fechadas
Na luta pela universidade querida

Burguesia, compreenda minha escola
Consciência de classe se amplia
Optar pelo lado mais fraco não é dar esmola
Igualdade, eis a nossa utopia!

 

Entrevista ( na íntegra) com a Diretora do C.E. Prof. Clóvis Monteiro:

https://www.facebook.com/prevestclovis/?pnref=story.unseen-section

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A gente vai se acostumando…

A gente vai se acostumando…

(Inspirado no texto “Acomodação”, de Marina Colasanti)

Roberto Eduardo Albino Brandão

A gente se acostuma a quase tudo, mas não deveria.

A gente se acostuma a morar em um lugar poluído. E porque está poluído, logo se acostuma a não reclamar com o morador ou a empresa que polui nosso solo, rios e ar. E a medida que se acostuma com os poluentes, esquece o quanto é importante viver num ambiente saudável.

A gente se acostuma com Fast food. A engolir a comida, sem pensar nas necessidades nutricionais. Com o doce concentrado, a gordura saturada, ao excesso de sódio, esquecendo da diversidade de sabores. E a beber refrigerante ao invés de água.

A gente se acostuma a ficar doente e a enfrentar longas filas na unidade de saúde ou para fazer um exame, sem pensar nos motivos que causaram a doença ou na responsabilidade do poder público. A fala bonita dos políticos em época de eleição. E ao descaso com a população depois que os políticos são eleitos.

A gente se acostuma com a falta de segurança. Aos tiroteios constantes e a perda de amigos. Ao medo de ser a próxima vítima de bala-perdida. Aos cadáveres no caminho e aos gritos das mães que perdem seus filhos.

A gente se acostuma a ver televisão. Aos casos de corrupção. Ao sofrimento humano diário. Ao anuncio do tênis ou da roupa, desejando a marca mais do que o produto. A pagar o preço anunciado, baseado apenas na propaganda, sem pensar se vale a pena. E a pagar muito mais do que as coisas realmente valem.

A gente se acostuma a vir para a escola, só porque alguém mandou. A não prestar atenção na aula. A dificuldade de ler e escrever. A não perguntar, quando temos dúvidas. A ser zoado pela galera. Ao desrespeito. A não reclamar. A furar fila. A sala suja. A jogar videogame o dia todo. A ouvir música alta. A não ir à praia ou ao teatro. A não sorrir. Ao medo. E à medida que vamos nos acostumando com as coisas, esquecemos que essa nossa acomodação nos mantém sempre no mesmo lugar.

E você? Com o que está acostumado, mas que não deveria? Acha que juntos podemos transformar a nossa realidade?

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Diário de Motocicleta – 15º Dia (03/01/17)

Status:  Foz do Iguaçu

Aproveitei para deixar a moto na revisão geral da Honda, dar uma aparada na barba e visitar a Usina de Itaipu – binacional. A CB500X foi aprovada com louvor. Descobri a barba-terapia, um serviço excelente, realizado por esse simpático barbudo (Sr. Barba). Será que um dia terei uma barba dessa? Na Usina, foram muitos esclarecimentos sobre engenharia e história da construção desse megaempreendimento, inclusive que a dívida contraída à época (1973) só será concluída em 2023. Meus amigos engenheiros me perdoem, são realmente números astronômicos, dessa maravilha de construção (com base piramidal), mas nada se compara ao ver as capivaras gordinhas pastando as margens do Rio Paraná. Amanhã sigo para São Paulo, com uma paradinha estratégica em Apucarana (PR), com pressa.

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Diário de Motocicleta – 14º Dia (02/01/17)

Status:  Foz do Iguaçu

Mais um dia inteiro dirigindo.  Apesar do cansaço, com muita energia e vibração. O café-da-manhã dos hotéis é uma boa forma de iniciar o dia, porém limita as possibilidades de pegar a estrada antes do sol causticante. Ou seja, saí do hotel quase 11h e cheguei em Foz as 18h, com pressa.

 

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Diário de Motocicleta – 13º Dia (01/01/17)

Status:  Resistência (Argentina)

Apesar do cansaço, consegui acordar as 7h e sair do Hotel (em Salta) as 9h. Rodei 850 Km em baixo do sol de rachar. Esse foi o trecho mais cansativo da viagem. Pensei que nunca mais rodaria uma distância maior do que 800Km num mesmo dia. Lembrei do meu pai… Será que ele também teria embarcado nessa viagem? Ou ele me convenceria a virmos de carro ou eu teria convencido-o a comprar uma moto e virmos em dupla… Izaias presente! Cheguei em Resistência as 20h. E adivinhem o que fiz? Dormi, claro, com pressa!!!

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Diário de Motocicleta – 12º Dia (31/12/16)

Status:  Salta (Argentina)

Caro leitor/a, sei que esse diário deveria ser todos os dias. Essa era minha intenção inicial. Todavia, além de não encontrar as condições “internéticas” ideais, estou dormindo feito pedra, ou seja, muito cansado. Vida de moto aventureiro não é fácil não!!! (rs) As fotos postadas nesse blog são do celular, minha segunda opção de câmera. Tirei muito mais fotos com a minha câmera semiprofissional (1ª opção).

Acordei 4 horas da madrugada, pois o passeio aos campos geotérmicos começou 4:30h. Depois se entende o motivo de ser tão cedo… é que o frio de -5°C deixa o local com mais intensidade de vapor. No inverno chegou a -28°C. Um espetáculo da natureza!!! O 3º maior local de atividade geotérmica do planeta. Impossível não deixar de nadar na piscina termal, com água entrando à 100 °C. Passamos em um povoado (população 9 habitantes) para comer um churrasco (no espetinho) de lhama e uma empanada de queijo de cabra. Deliciosos!!! Pensei em como os Atacamenses primitivos “escolheram” esse local tão inóspito, porém se adaptaram com eficiência na utilização dos poucos recursos naturais. O ensinamento que tiro dessa forma de viver é como trabalhar na adversidade. Precisamos driblar as adversidades, transformando as pedras no caminho em abrigos para sobrevivência. Retornei desse passeio as 12h, bebi um mate com Huercillo e deixei o albergue as 15h, partindo em retorno ao Brasil. Cheguei em Salta as 22h, com várias paradas, inclusive para tirar os insetos na viseira do capacete, com pressa.

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Diário de Motocicleta – 11º Dia (30/12/16)

Status:  San Pedro de Atacama (Chile)

Sem palavras…

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