ENTÃO É NATAL (2023), E O QUE VOCÊ E EU FIZEMOS?

Governo vem, governo vai
E a escola pública continua partida
Estudante passa, estudante sai
E o povo continua votando em fascista

Milei eleito com desrespeito
Trump ressurgindo das cinzas
Inelegível fazendo campanha com pré-conceito
E o que fizemos diante das incertezas?

A Eja tem encantos permanentes
Nem mesmo a aposentadoria será capaz de apagar
Respeito e aprendizado docente
É fácil aprender com quem está disposto a ensinar

É fácil ensinar para quem quer aprender
Ouvir o que não é dito, nosso desafio do céu
A escola é chata, eu não quero escrever!
É difícil entender o anjo Gabriel

Aula na Eja é participação
No Brasil, estudante é coisa rara
Atenção, reflexão e ação
Renan, tu és o cara

87 anos de história
Inspiração cativante
Força, foco e vitória
Teu nome é José Estudante

Poesias periféricas tem o poder
De melhorar a vida dos que agem
Com responsabilidade na tarefa de escrever
Descobrem o valor da linguagem

Aos estudantes queridos
Minha eterna gratidão
Aos colegas de trabalho adquiridos
Punho (esquerdo) erguido com vermelhidão

No pátio da escola, em uma bela manhã de primavera
O passarinho agoniza e morre. Esquecemos?
Morreu de alimentos ultra processados, a ciência pondera
Enterra o caso, foi o que fizemos

Nós povo já nascemos pobres (na cela)
Porém, não nascemos livres (da fome)
Na poética Liberdade, de Marighella:
“[…] se torturado for, possa feliz, indiferente à dor, morrer sorrindo a murmurar teu nome

Não faltou projeto, mas o político pedagógico é naftalina
Não faltou disposição, mas pela qualidade estamos ralando
Não faltou centro de estudos, mas não estudamos com disciplina
Não faltou operação policial, mas a insegurança continua assolando

Não faltou ação, mas a educação continua peça publicitária
Não faltou diálogo, mas dialética não combina com coca-cola
Não faltou antirracismo, mas ainda sem superação da pauta identitária
Não faltou PSE, mas é distante a saúde na escola

Não faltou engajamento, da humanidade, contra as guerras
Não faltou grupo de Zap, um pouco melhor que solidão
Não faltou violência contra as mulheres, inclusive nas palavras
Não faltou indignação, quando houve apagão

Não faltou discurso de ódio e mensagem sem noção,
Tudo bem se é piada ou até post sem graça
Mas a dúvida sempre recai, sobre as tentativas de desalienação, quando gera reflexão
Essa triste interação é pedrada na vidraça

Não faltou sala de aula quente e barulhenta,
mas os gestores (nível central) receberam 14º salário
Não faltou papel, caneta e nem ferramenta,
mas a educação especial não se resolve com voluntário

Faltou organização (política), mas seguimos esperançando
Faltou camaradagem, mas seguimos na luta
Faltou pão, mas seguimos, no circo, dançando
Faltou consciência de classe, mas nos educamos na labuta

Entre pássaros e gaiolas,
fica a certeza de que o canto dos pássaros
é capaz de destruir as grades das gaiolas
Dominar os donos das gaiolas (bárbaros)

Entre combustível das críticas e comburente do silêncio,
fica a certeza do dever cumprido nas promessas
Se não incendiamos a selva capitalista,
ao menos alimentamos o calor das massas

Entre professores e reprodutores de aulas,
fica o otimismo da vontade de uma revolução possível
Entre o letramento científico e o mundo das fábulas,
fica a intolerância e o fake news visível

Vim, vi e não venci, mas não me dobrei aos vencedores
Falei, chorei e adquiri uma fenda vocal, mas não morri (ainda) de depressão
Colaborei, produzi e critiquei mercadores,
mas foi pouco no sentido da nossa própria desalienação

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