(E M C O N S T R U Ç Ã O)
O objetivo desse relato é dar satisfação a classe trabalhadora brasileira, da minha participação na X Conferência Latino-americana e Caribenha de Ciências Sociais (CLACSO 2025), a qual não tive nenhum apoio financeiro do Governo do Estado do Rio de Janeiro, tão pouco da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro.
Trata-se do maior encontro de ciências sociais e humanidades do mundo, cujo tema central foi “Horizontes e transformações para a igualdade: Democracias, resistências, comunidades, direitos e paz”. A CLACSO 2025 reuniu mais de 15.000 participantes de diversas partes do mundo, em mais de 1500 atividades, espalhadas em 25 locais diferentes. Foi cansativo ir de um lado para o outro, tentando abraçar o máximo de conhecimento possível. Diferente de outras edições, não houve credenciamento/crachá ou fornecimento de qualquer outro tipo de material. Todas as informações estavam contidas no site oficial, o que causou certa dificuldade nos momentos em que a internet não funcionou, principalmente para administrar os deslocamentos, seja a pé ou de táxi. Por outro lado, permitiu que qualquer pessoa pudesse participar, mesmo sem inscrição no evento.
Em minha participação, além de apresentar meu trabalho: “IMPACTOS DO PROCESSO DE NEOLIBERALIZAÇÃO, NO CONTEXTO DA INSERÇÃO DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL E ITINERÁRIOS FORMATIVOS, NO CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS”, priorizei as atividades relacionadas ao eixo temático: “direito à educação, políticas públicas e alternativas pedagógicas”, mas também participei dos grupos que discutiam “Ambiente, mudança climática, transições e desenvolvimento social” e “povos indígenas”, entre os 25 eixos temáticos propostos. Como era esperado para um evento desse porte (e relevância social), foi uma experiência bastante enriquecedora, com intercâmbio acadêmico, cultural e político, com pensadores de toda América Latina e Caribe. Abaixo, um resumo das principais observações/análises críticas/aprendizados:
1. Educação pública. Colombianos relatam “agressões as escolas públicas da Colômbia” (supressão de recursos públicos, precariedade das condições de educação inclusiva, decisão de suprimir o que é público, etc.), com o propósito de debilitar a função social da escola. Nessa discussão, penso que foi consenso que nosso maior desafio hoje é impedir o avanço da privatização da educação, em especial a plataformatização da educação. Foi elogiado o sistema de controle brasileiro de custo por estudante, embora eu não tenha entendido o argumento. Fiz algumas intervenções no sentido de pensar se é possível um luta pelo direito a educação sem uma luta anticapitalista, e percebi que não houve consenso, embora a ampla maioria avalia que não é possível. Inclusive uma brasileira fala em “capitalismo selvagem”, passando a ideia de que há um “capitalismo humanizado”, e não a essência do capitalismo que é a luta de classes.
2. Movimento sindical. Até onde acompanhei, as discussões giram entorno dos impactos do neoliberalismo, principalmente no “desfinanciamento” da educação, e consequentemente ameaça aos 60% de gastos com trabalhadores da educação. Fiz uma intervenção no sentido de pensar se é possível uma luta sindical sem uma luta anticapitalista, utilizando como exemplo o caso do atual técnico da seleção brasileira de futebol, que ganha 5,3 milhões de reais por mês. Percebi que a mesa (5 pessoas) ficou em silêncio, com exceção da representante do movimento #PorlaPública (parece ter relação com a CNTE no Brasil), a qual não só endossou a ideia de que não é possível, mas também reforçou o caráter internacionalista na busca em globalizar a luta por justiça e igualdade. Houve menções e apoio a causas importantes, como a solidariedade ao povo palestino.
(E M C O N S T R U Ç Ã O)