10 MOTIVOS CONTRA AVALIAÇÃO DE ATIVIDADES ESCOLARES NÃO PRESENCIAIS (subsídio para debate – em 13/10/2020)

Por Roberto Eduardo Albino Brandão*

  1. Os artefatos tecnológicos, necessários as atividades remotas, ainda não foram democratizados, deixando grande parte dos/as estudantes excluídos/as desse processo. Como pensar em avaliação, se professores e estudantes não dispõem de internet e computadores?
  2. A avaliação deveria ser “diagnóstica”, e não “classificatória”, no sentido de se preocupar mais com o ato de ensinar do/a professor/a, do que com o desempenho individual (nota) do/a estudante. Como podemos diagnosticar o “paciente”, se já somos obrigados, de antemão, a dar-lhes o “medicamento”?
  3. A avaliação da aprendizagem deveria ser um ato amoroso, no sentido de reconhecer a situação real e concreta do/a estudante. Sabemos que, no contexto da pandemia COVID-19, o conjunto da classe trabalhadora encontra-se, cada vez mais vulnerabilizada, em luta por garantia de direitos historicamente relegados. Como avaliar um/a estudante que, participando ou não dos instrumentos avaliativos, não possui saúde mental e/ou encontra-se em situação de privação alimentar?
  4. A avaliação não deveria ser autoritária, no sentido de culpabilizar os indivíduos por eventuais notas baixas, reforçando, dessa forma, a divisão social do trabalho. Ao contrário, deveria atender aspectos científicos e metodológicos, pautados nos referenciais disponíveis. Como aprovar ou reprovar um/a estudante, com o devido rigor científico?
  5. Avaliar o trabalho escolar, de forma remota, é uma prática docente de caráter duvidoso, sobretudo em relação aos seus objetivos políticos (relação com a mercantilização, impactos no mundo do trabalho, etc.), ainda pouco discutidos e entendidos em nossas comunidades escolares. Como aprovar ou reprovar um/a estudante, com criticidade e intencionalidade, sem um projeto político pedagógico que sustente nosso fazer?
  6. Não há como assegurar que o próprio aluno/a é quem está realizando as atividades avaliativas, sem ajuda de terceiros, o que pode “mascarar” o resultado final da avaliação. Como avaliar o verdadeiro desempenho dos/as estudantes, garantindo que não houve qualquer subterfúgio, através da prática de “cola”?
  7. O planejamento dos meios de avaliação depende de um calendário escolar prévio, que deveria ser construído em paralelo a redefinição dos objetivos pedagógicos, para o enfrentamento da pandemia COVID-19. Qual o melhor momento de avaliação, uma vez que estamos discutindo até que ponto as atividades escolares não presenciais serão consideradas para o cumprimento da carga horária mínima anual?
  8. A pedagogia do exame, historicamente construída de forma presencial, nos coloca grandes desafios. O processo avaliativo pressupõe um momento privilegiado, não só de diagnóstico do caminho percorrido, mas, sobretudo, de motivação dos/as estudantes quanto aos objetivos de cada disciplina, para além de sua própria auto disciplina de estudos. Como desenvolver atividades avaliativas remotamente, sem uma cultura escolar que considere a modalidade de educação à distância?
  9. Inviabiliza a negociação professor-alunos, em relação a melhores formatos/instrumentos, datas e horários de provas/trabalhos/atividades (síncronas e assíncronas), inclusive em eventuais impossibilidades e/ou postergações. Como avaliar remotamente, sem discutir plataformas (digitais) que atendam as reais necessidades de cada comunidade escolar?
  10. A Fiocruz, e outras instituições de pesquisa, vem apontando para a necessidade de participação das comunidades escolares nos processos que definem o retorno das aulas, nesse contexto COVID-19. No entanto, os sistemas públicos de educação insistem em baixar decisões administrativas, impondo uma série de medidas, inclusive no que se refere a avaliação escolar. Como promover uma significativa avaliação do processo ensino-aprendizagem, desconsiderando qualquer diálogo com a população diretamente envolvida?
  • EM DEFESA DA AVALIAÇÃO PRESENCIAL, QUANDO A VIGILÁNCIA POPULAR EM SAÚDE PERMITIR!

* Professor Docente I – Governo do Estado do Rio de Janeiro, desde 1998, e Prof. I – Ciências – Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, desde 2007  www.roberto.bio.br/blog

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